Material de aula para turma de Bacharel em Teologia
Profº Pr. Robson Ferreira
Missiologia
Introdução
Missiologia: é a ciência que tem por objetivo o estudo da grande comissão dada por Cristo Jesus a sua Igreja. É um campo de estudo que se dedica à compreensão da missão da Igreja, suas práticas e teologias subjacentes. A missiologia dedica-se, principalmente, ao caráter transcultural da tarefa evangelizadora. É o estudo da obra missionária ordenada por Jesus Cristo aos seus discípulos, no sentido nacional e transcultural (MT. 28. 19 / MC 16. 15 / AT 1. 8).
A palavra “Missiologia” deriva de duas outras, do latim “missione” que significa função ou poder conferido a alguém para um propósito especial em outra nação, terra, território, grupo ou domínio, Logia, do grego logos que significa estudo, tratado, doutrina, teoria ou ciência. Portanto, missiologia pode ser definida como o estudo da missão, especialmente no contexto da Igreja cristã.
O estudo de missiologia é de fundamental importância, por se tratar da tarefa suprema da igreja, que é a evangelização dos povos.
Quando falamos sobre missiologia e evangelização dos povos, não poderíamos deixar de citar dois nomes importantes entre muitos que são considerados pais da missiologia, dentre eles:
William Carey (nascido em 17 de agosto de 1761, Paulerspury, Northamptonshire, Inglaterra - falecido em 9 de junho de 1834, Frederiksnagar [agora Shrirampur], Índia) foi o fundador da Sociedade Missionária Batista Inglesa (1792), missionário vitalício na Índia e educador cuja missão em Shrirampur (Serampore) estabeleceu o padrão para o trabalho missionário moderno. Ele foi chamado de "pai da prosa bengali" por suas gramáticas, dicionários e traduções.
Batista desde 1783, Carey serviu por vários anos como pastor em Moulton, Northamptonshire, onde também lecionou e continuou seu ofício como sapateiro. Em 1789, transferiu-se para a igreja batista em Leicester e, três anos depois, publicou um panfleto intitulado Uma investigação sobre as obrigações dos cristãos de usar meios para a conversão dos pagãos , que o levou a formar, com uma dúzia de outros ministros, a Sociedade Missionária Batista Inglesa.
Também temos como um dos pais da missiologia cristã protestante, o alemão do século XIX Gustav Werneck, ele afirmava sobre a importância que a missiologia fosse reconhecida como uma disciplina teológica própria.
O ponto fundamental da missiologia é definir as estratégias e os parâmetros da grande comissão dada por Jesus, tais como: Quem envia e quem é enviado; quais são os obstáculos das missões contemporâneas; como será o alcance dos povos não alcançados e a evangelização de todos os povos, de uma maneira geral, assim como também o sustento do missionário e sua família.
Qual a missão das missões? Após 2000 anos de cristianismo a Igreja ainda vê-se buscando descobrir o propósito da obra missionária. Paulo, em sua carta aos crentes de Éfeso discorre sobre este problema, E a resposta desejada encontra-se naquilo que Deus, em Seu plano que precede a criação do mundo, estabeleceu.
O quadro geopolítico global é hoje pontuado por catástrofes naturais, desmandos administrativos, tragédias humanitárias, e toda a má sorte de destinos. Em nome de Cristo, a Igreja poderia vir a demonstrar sua solidariedade cristã de modo atuante e concreto. Porém, qual o papel do evangelismo? Como a Igreja deve planejar suas prioridades? À medida que o propósito divino para a obra missionária torna-se conhecido da Igreja, as respostas aos questionamentos sobre o que de fato é o trabalho missionário revelam-se aos crentes.
Portanto, podemos afirmar que Teologia sem Missiologia não tem sentido, já que o alvo final da verdadeira Teologia é justamente o propósito único da Missiologia.
Teologia sincera move-nos sem dúvida para a missiologia pratica, como um meio efetivo de alcançar o alvo final da própria Teologia, a saber, o homem redimido levando ao homem perdido as boas novas de que Deus e nviou seu único Filho para salvá-lo da destruição eterna.
Fig.1.0
É notável que cada uma das pessoas da Trindade está envolvida no propósito divino para a humanidade: Deus Pai predestinou os homens à adoração, fazendo-os Seus filhos; Cristo cumpriu o propósito divino, morrendo em lugar do homem para o remir; finalmente, o Espírito Santo sela o crente garantindo-lhe a herança como povo de Deus.
1 - Deus, o Primeiro Missionário
Toda criação de Deus é importante. Porém, Deus escolheu o homem de um modo especial, formando-o à sua imagem e semelhança (Gn. 1. 26 - 28).
Deus criou os seres angelicais, com graus distintos de responsabilidades e autoridades. Deu a um querubim uma formosura jamais vista em outros anjos e sabedoria esplêndida (Ez. 28. 12-17). Esse anjo atuava como primeiro ministro de Deus, tendo além das qualidades citadas, grande poder e livre arbítrio. Mas, com tanto poder e formosura, Lúcifer, conforme ficou conhecido ficou tão deslumbrado com o que Deus lhe dera que desejou “ser semelhante ao altíssimo” (Is. 14. 14), com isso encabeçou uma rebelião jamais vista em toda história, com o propósito de estabelecer um reino espúrio, juntamente com os anjos que lhe acompanharam nesta rebelião (Ap.12:4-9).
Por ter incitado a rebeldia, Lúcifer, agora chamado de Satanás, recebeu o juízo de Deus e a expulsão dos céus. Tempos depois da rebelião, Deus fez outra criação, a qual também concedeu livre arbítrio: o homem. Ao criá-lo, Deus mostrou o seu cuidado especial: fez um jardim de delícias para a sua nova criação habitar. Satanás, observando isso, encheu-se de ira e ciúme, e partiu para perturbar e atacar o homem, a nova criação de Deus.
2 - Missão e missões
O termo missão remete ao contexto do esforço divino de remir o mundo. Já missões representam a herança do Senhor à Igreja – trata-se, portanto, de uma atividade que tem suas raízes no propósito eterno de Deus. Com missão relembra-se o motivo áureo da vinda de Cristo ao mundo para morrer pelos homens – Cristo significa o ungido, isto é aquele que recebeu poder e autoridade para uma divina missão.
Jesus veio como missionário com o objetivo de realizar o propósito de Deus; portanto, o conceito bíblico de missão abrange dois elementos: o envio do missionário e a realização do propósito em si mesmo. É interessante notar que o termo missões é empregado muitas vezes como singular. Quando empregado assim, esta palavra refere-se ao comprometimento da Igreja na missão divina e no propósito de Deus para a humanidade.
De qualquer forma, no plural ou no singular, sempre os termos se referem ao propósito divino de Deus para o homem.
Deus estabeleceu um relacionamento de companheirismo, e comunhão com Adão e Eva, no Jardim do Éden, mediante o amor. Para que eles continuassem esse relacionamento com Deus, teriam apenas que passar na prova de obediência total à vontade divina, mas eles falharam. Deus em sua onisciência já havia previsto a possibilidade do homem pecar e idealizou um meio para resgatá-lo. E foi assim que Deus desceu ao Jardim do Éden, naquela tarde sombria, e proclamou, como autêntico missionário, a primeira mensagem evangelística, registrada em Gênesis 3.15, “... porei inimizade entre ti e a mulher, entre a sua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirá o calcanhar”. Esta é a primeira referência a Cristo na Bíblia, relacionando a derrota de satanás, a sua sentença e as boas novas da vitória sobre o fracasso do homem em servir a Deus.
Naquele momento, Deus estava anunciando Cristo a todos os descendentes de Adão, que iriam nascer no decorrer dos séculos.
3 - Jesus, o Missionário enviado por Deus
Em João 3. 16 encontramos o plano de Deus se caracterizando, ao enviar o seu único Filho ao mundo, para construir a história da redenção, numa inexplicável expressão de amor, a ponto, do apóstolo João, que soube tão bem descrever a cena apoteótica do amor de Deus, ter usado a expressão “de tal maneira”, como uma forma de tentar explicar a profundidade do amor de Deus ao mundo. Amor este que ultrapassa as fronteiras culturais, racionais e linguísticas, não se restringindo a uma raça, nação ou grupo cultural especifica. Ele ama a todos os povos e deseja que todos os homens se arrependam e sejam salvos, mediante a obra realizada por Jesus Cristo.
Conforme o texto de (2 Pd. 3. 9) “... Ele é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se".
4 – A missão cumpriu-se na cruz
Que papel tem Cristo na missão de Deus ao mundo? Que motivos justificam Seu nascimento. A resposta a estas perguntas diz respeito ao ministério terreno de Jesus e ao seu envolvimento no trabalho missionário. Já discutiu-se o problema do pecado com relação à missão de Deus, concluindo-se que o pecado impede as pessoas de serem semelhantes a Ele, de terem comunhão com Ele. Podemos afirmar que a missão de Deus ao mundo foi realizada na cruz de Cristo, porque Jesus tornou assim possível a reconciliação dos seres humanos com Deus para se tornarem semelhantes a Deus e gozarem sua doce comunhão.
5 - Uma missão cristocêntrica
Há motivos para dizer que a missão de Deus ao mundo é cristocêntrica? O trecho estudado anteriormente da carta aos crentes de Éfeso trata de toda esta missão, afirmando conclusivamente que Cristo é Aquele por meio de quem se cumpre todo o trabalho. Atentese, ainda que em Ef 1.3-14 há determinadas frases como “nosso Senhor Jesus Cristo”, “por Jesus Cristo” e “nele”. As numerosas referências a Cristo neste trecho demonstram o papel central de Jesus no propósito redentor de Deus. A locução “em Cristo” resume o pensamento de Paulo acerca do Evangelho. Significa que somente por meio de uma relação pessoal com Jesus é que o homem pode gozar dos benefícios espirituais de Deus Pai.
6 - A Grande Comissão feita por Jesus Cristo
Após a ressurreição, o Senhor Jesus Cristo priorizou três ordens aos discípulos, a saber: "Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16. 15). "Ide, portanto fazei discípulos de todas as nações" (MT. 28. 19). "E sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém..., até aos confins da terra". (At. 1. 8). Estas três passagens bíblicas são suficientes para descrever as prioridades do Senhor Jesus, que é a evangelização do mundo. Antes mesmo da ressurreição, o Senhor Jesus Cristo já havia dito que primeiro, o evangelho seria pregado a todas as nações e depois viria o fim (MT. 24. 14). Já naqueles dias, o Senhor Jesus sentia tanto a necessidade da obra missionária que certa vez, ao olhar para seara, e ainda faltando quatro meses para a colheita! Já via os campos brancos para a ceifa: “Não dizeis: Ainda há quatro meses até a ceifa? Eu vos digo: Erguei os vossos olhos e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa” (João 4. 35).
7 - Missões não são uma opção
A partir de agora, ir-se-á analisar a importância da igreja na obra missionária, bem como a relevância da obra missionária na vida da Igreja. Em Ef 1.3-14, o apóstolo Paulo trata de toda a história da humanidade; desde então, a missão de Deus fazia parte do divino plano para a humanidade – antes da própria criação do mundo, sendo realizado, porém, apenas em um momento específico da cronologia da raça humana. Em sua carta, Paulo refere-se ao início do tempo (Ef 1.4), mas fala também do tempo do fim (Ef 1.10). A história da humanidade tem seu tempo de princípio e fim.
Muitos acreditam que a história e o tempo não têm princípio ou fim. Para estas pessoas, a vida e a história são repetições cíclicas – uma estação segue outra, repetidamente. Essa forma de pensamento não contempla o propósito de Deus para a humanidade. E por mais que a cada minuto nasçam 250 crianças em todo o mundo, e outras 100 pessoas percam suas vidas no mesmo período1, ainda há quem afirme que o tempo não terá fim, como não teve começo.
F ig.1.2
Mediante o que é apresentado na Bíblia Sagrada, a história e o tempo tiveram começo e terão fim. Além disso, a história é repleta de grande significado – Deus apresenta seu propósito salvador na história. Em Ef 1.4 e 10, Paulo refere-se à eternidade antes do princípio do tempo e da história, bem como a um ponto quando findarão estes e somente haverá a eternidade:
A contrário do que muitos pregam, a história não é um círculo, ou um ciclo, mas sim uma linha.
Há nela progressão, clímax, finalidade. O apóstolo Paulo, ao tratar do tempo histórico dava-lhe dimensões, termos (começo e fim) – a leitura de 2 Pe 3 é interessante pois trata do destino de todos os que julgam o tempo como desprovido de finalidade. Pedro refere-se àqueles que questionam a volta de Cristo; tais indivíduos descrêem do plano divino através dos séculos – para estes, nada há que evidencie que a história caminha para o seu fim.
8- Espírito Santo, o Propagador das Missões
O livro de Atos dos apóstolos menciona os grandes feitos dos apóstolos no início do cristianismo, em Jerusalém. Nós sabemos, entretanto, que os discípulos nada fariam se não fosse o preceito dado pelo Senhor Jesus, antes da sua ascensão aos céus: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vos o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda Judeia, Samaria, e até os confins da terra" (At. 1. 8).
Após terem sido cheios do Espírito Santo, o mundo foi alcançado pela pregação do evangelho, e isso se deve ao grande propagador de missões, o Espírito Santo. É ele o maior incentivador da obra missionária, pois impulsiona, encoraja e chama os missionários, nós percebemos tal afirmação no livro de Atos, capítulo 13, quando a Igreja de Antioquia estava reunida: "Disse o Espírito Santo: Separai-me agora, Saulo e Barnabé, para obra que os tenho chamado” (At. 13. 2). A missão do Espírito Santo é chamar os missionários, como também é convencer o mundo do pecado da justiça e do juízo (Jo. 16. 8).
Os missionários são enviados para pregar ao pecador, mas é o Espírito Santo quem os convence a aceitar a mensagem pregada pelos missionários.
9 - Bíblia, o Livro Missionário
Sem a Bíblia, a evangelização do mundo seria não só impossível, mas também inconcebível. Ela nos dá o mandato, o modelo e o poder para evangelização do mundo, a Bíblia não apenas contém o evangelho, como ela é o próprio evangelho (boas novas).
Através dela, Deus está evangelizando, isto é, comunicando as boas novas ao mundo. Jesus mesmo ordenou aos seus discípulos, dizendo: “Ide por todo mundo pregai o evangelho a toda criatura” (Mc. 16. 15).
A Bíblia é o manual do missionário, sem ela não há salvação: “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus" (Rm. 10. 17). ”E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo. 8. 32), portanto a Bíblia é a ferramenta inseparável do bom soldado (Js. 1. 8).
Diante desta breve exposição do contexto bíblico da origem das missões tendo seu inicio com o próprio Deus vamos agora analisar alguns pontos importantes que são tratados por esta disciplina.
10 - Missão abrange três estágios:
Visto que o significado da palavra missões é enviar, mandar, remeter, o enviado vai com a finalidade de anunciar Cristo e o plano de Deus para a salvação de todos os homens. Sendo assim missões abrange três estágios bem definidos que são:
A. Missão local: Abrange a comunidade local e circunvizinhanças.
Ex: bairros e cidades vizinhas.
B. Missão nacional: Abrange todos os limites da nação de origem do missionário (a).
C. Missão transcultural: Abrange até os confins da terra.
11 - A missão da Igreja
A seção anterior apresentou a base bíblica para o princípio de que a missão de Deus é a missão de todos os crentes. Muitas outras passagens neotestamentárias apóiam esta verdade. Os trechos mais diretos – aqueles que contêm a Grande Comissão – foram omitidos propositadamente, para serem examinados futuramente. Um dos motivos para adiar o exame da Grande Comissão foi que as missões não se fundamentam somente no mandamento de Cristo. Elas constituem a razão principal da existência da Igreja no mundo.
Não houvesse na Bíblia o texto da Grande Comissão, a fé cristã continuaria sendo missionária. As missões são o transbordamento lógico e natural da vida de Jesus Cristo. Além disso, o Espírito Santo, o Senhor da seara, é um Espírito missionário. Ele é generosa testemunha de Cristo (Jo 15.26). A base das missões não é apenas um mandamento. Missões são o caráter e enfoque principal do Espírito que habita os crentes em Jesus Cristo e, portanto, em toda a Igreja de Cristo. Há, porém, uma palavra no trecho de Mt 28.18-20 que reproduz a Grande Comissão e que vale a pena ser enfocada neste momento. É a palavra discípulos. Jesus disse: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”. Jesus previa que milhões de pessoas seriam Suas testemunhas. Aprendemos da palavra discípulos, contudo, que Jesus visava não apenas crentes trabalhando individualmente, mas uma igreja unida (Ef 1.22 e 3.10).
A missão fundamental da Igreja é unir uma multidão de esforços individuais em um forte alcance evangelístico sob a direção do Espírito Santo em todo lugar. É a igreja que reúne as pessoas que já se reconciliaram com Deus e, por meio do ministério divino, torna-as discípulos. No decorrer do processo de ir > batizar > ensinar, as pessoas não somente se reconciliam com Deus, como também tornam-se semelhantes a Ele, mediante o ministério do Espírito Santo na Igreja. É este, em poucas palavras, o tema da Epístola aos Efésios: o propósito de Deus é cumprido em Jesus Cristo e, por meio da Igreja dele, no mundo inteiro (Ef 3.10,11). A chave da evangelização mundial, ou seja Missões, encontra-se na multiplicação de igrejas capacitadas e orientadas pelo Espírito Santo.
12 - Como a igreja deve ver a obra de missionária
A igreja deve ver a obra missionária como um privilégio jamais concedido ao mundo. É tão grande esse privilégio que os anjos queriam realizá-lo, mas não puderam (I Pe. 1. 3-12). A igreja é uma embaixada do reino de Deus neste mundo. Cada um que na igreja se envolve com a evangelização e obra missionária torna-se um embaixador de Deus entre os homens. É assim que a igreja deve ver o trabalho missionário hoje. Não obstante a igreja ser o instrumento de Deus na terra para a propagação de seu reino, ela deve ter também como objetivo visualizar pela direção do Espírito Santo e preparar homens e mulheres para o campo missionário. É a igreja quem deve enviar e dar respaldo para os que pelo Espírito Santo são chamados e separados para a obra missionária (At. 13).
A igreja através de seus lideres deve buscar subsídios para o sustento do missionário realizando entre os fieis uma conscientização da necessidade de contribuir, orar e abraçar a causa missionária que é a obra de Deus. A cooperação é o melhor caminho para a realização da obra missionária (Fil. 4.14).
Paulo não poderia levar a cabo tudo o que fez sem o apoio e a ajuda da igreja de Filipos. Essa igreja deu-lhe suporte financeiro e sustentação espiritual.
Aqueles que estão na linha de frente precisam ser encorajados por aqueles que ficam na retaguarda. “… porque qual é a parte dos que desceram à peleja, tal também será a parte dos que ficaram com a bagagem; igualmente repartirão” (1Sm 30.24).
Deus chama uns para irem ao campo missionário e aos demais para sustentar aqueles que vão. A obra missionária é um trabalho que exige um esforço conjunto da igreja e dos missionários.
13 - Missões e o mundo de hoje
Conforme o estudo das atividades missionárias do tempo do NT revelou, missões resultam da efusão do Espírito missionário. A partir do Dia de Pentecostes, o Espírito Santo mostrou-se como a força motriz, vital e missionária da comunidade chamada Igreja. O Espírito Santo era central no testemunho missionário da igreja dos tempos primitivos, e isso contrasta com a postura missionária da maioria das igrejas hoje. Na verdade, os crentes de praticamente todas as correntes têm desprezado o caráter missionário do Espírito Santo.
O foco desta lição é o papel que o Espírito Santo deve ter nas atividades missionárias contemporâneas, mesmo porque nenhuma descrição de missões hoje pode ser completa se não atinar ao extraordinário derramamento universal do Espírito Santo. Assim, quais as atividades do Espírito Santo no mundo em que vivemos?
A grande característica da Igreja nos tempos de hoje é a renovação promovida pelo Espírito Santo. E qual o significado deste carisma para as atividades missionárias hoje? Dá-se que pelo Espírito Santo, Deus conduz sua Igreja a uma situação mundial especial: o Espírito Santo opera simultaneamente na Igreja e no mundo para prover uma rica colheita espiritual.
Aos crentes está reservado o direito de trabalhar com o Espírito de Deus neste importante período histórico. A seguir, estudaremos as atividades do Espírito Santo nos dias de hoje, e veremos o que Ele espera realizar através de nós!
HABILITAÇÃO DIVINA PARA MISSÕES CONTEMPORÂNEAS
14 - Missionários capacitados pelo Espírito Santo
Uma boa estratégia para missões nesta fase final dos últimos dias deve reconhecer e aproveitar a extraordinária operação do Espírito Santo, que nos capacita para o nosso dever. J. Philip Hogan1 ressalta a necessidade desta sensibilidade ao Espírito em missões, ao falar da operação soberana do Espírito Santo em nossos dias:
“Por vezes, no mesmo ato de analisarmos, negligenciamos, baseando-nos em categorias humanas, o mais empolgante fator dos nossos dias é que estamos presenciando por toda a face da terra - um imenso derramamento do Espírito de Deus sobre pessoas e em lugares para os quais não existe desígnio humano e onde falta por completo o planejamento humano. Os desígnios e origens inescrutáveis do Espírito tornam quase lendário o serviço de Deus nestes dias” (1975, pág. 243).
A operação soberana do Espírito Santo revela que ele é o Administrador da missão redentora de Deus nesta nossa era. A referência feita por Hogan, ao elemento inescrutável ou misterioso na operação de Deus no mundo de hoje, salienta a nossa necessidade de nos mantermos sempre sensíveis ao Espírito pela fé, para que possamos ser colaboradores com Ele.
A sociedade contemporânea enfrenta muitos desafios, como a secularização, a pluralidade religiosa e as questões sociais.
A missiologia proporciona uma base teológica para que a Igreja responda a essas questões com compaixão e sabedoria, integrando o evangelho à vida diária e às necessidades da sociedade.
15. O missionário e seu preparo
Jesus treinou seus discípulas antes de enviá-los a pregar, (Mc. 1.17), a vocação do missionário implica no discipulado (vinde após mim), em ser treinado por Cristo (eu vos farei), e no esforço de ganhar homens (pescar). Em primeiro lugar Jesus chamou, nesse processo é reservado um tempo para o treinamento, para estarem com ele. Então vem á última parte, (enviar para pregar).
Num período de três anos e meio os discípulos estiveram com Jesus e puderam receber lições preciosas que seria a base para os seus ministérios. No sermão da Montanha, Jesus trabalhou o caráter dos discípulos, ele também deu aulas práticas de evangelismo, estratégias de missões e lhes deu a grande comissão, prometendo estar com eles todos os dias!
Quando um candidato à obra missionária é discipulado na sua igreja local, e tem experiência de trabalho nessa igreja, já é um grande passo.
Porém existem outras áreas que merece ser incluídas no preparo deste futuro missionário, Tais como:
a) Preparo Espiritual
Chamada pessoal definida,
Vida espiritual, profunda experiência de salvação e comunhão com Cristo, falar, andar e viver,
Fé, maturidade e firmeza espiritual,
Convicções espirituais inabaláveis que vem de buscar a Deus e confiar na sua Palavra.
Ser cheio do Espirito Santo.
b) Preparo Teológico
Para atender as exigências do seu trabalho,
Visando que o povo espera um bom conhecimento bíblico da parte do missionário,
Para firmar suas próprias convicções e sempre ensinar biblicamente, nos mais diversos assuntos e doutrinas para poder convencer o não crente e instruir os novos convertidos.
c) Preparo cultural
Estudos em Antropologia
Estudos em Sociologia
Curso de primeiros socorros
Começar estudar o idioma do país antes de chegar lá,
Estude geografia,costume, história, religião, os mais diversos aspectos da vida do povo.
d) Preparo financeiro
É exigida hoje em dia em quase todos os países do mundo uma quantia garantida mensalmente pela missão ou pela igreja.
Deve-se saber o custo de vida numa base média do país onde pretende trabalhar.
A missiologia é um campo vital para a Igreja, oferecendo uma estrutura para entender e cumprir a missão de Deus.
Através do estudo e da prática da missiologia, os cristãos são capacitados a levar o evangelho a todos os povos, promovendo o amor, a justiça e a esperança de Cristo.
As escolas de missões desempenham um papel essencial na formação de missionários preparados e equipados para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.
Em um mundo em constante mudança, a missiologia se torna uma luz que orienta a Igreja em sua jornada missionária, lembrando-nos de que somos todos chamados a ser instrumentos de transformação em nossas comunidades e ao redor do mundo.
BIBLIOGRAFIA:
Apostila IBES – Missões
Filho, Alcino Justino: Missões no ritmo do Coração de Deus. Ed. Vox gospel 2004
Kairós, Preparando Missionários para século XXI. Ed. Kairós 1998
Apostila SETESC – Missões
Boyer, Gary L. – Missiologia Ide e Pregai - SP
ALLEN, Roland. The Ministry of the Spirit. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1962.
BAVINCK, J.H.The Church Between Temple and Mosque. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, No date.
BAXTER, J. Sidlow.Explore the Book. Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House, 1960.
BEYERHAUS, Peter, and Henry Lefever. The Responsible Church and the Foreign Mission. Grand Rapids, Michigan:Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1964.
BLOCHER, Henri. The Nature of Biblical Unity. In Let the Earth His Voice. Edited by J.D. Douglas Minneapolis, Minnesota: World Wide Publications, 1975.
BOER, Harry R. Pentecost and Missions. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdmans Publishing Company, 1961.
CONN,Harvie M., ed.Theological Perspectives on Church Growth. Nutley, New Jersey: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1977.
COSTAS, Orlando E. The Church and its Mission: A Shattering Critique From the Third World. Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, Inc. 1974.
DODS, Marcus. The Book of Genesis. In the Expositor’s Bible. Edited by W.Robertson Nicoll. New York: A.C. Armstrong and Son, New York, 1903.
GERBER, Vergil. A Manual for Evangelism Church Growth. South Pasadena, California: William Carey Library, 1973.
GESENIUS, William Gesenius’ Hebrew and Chaldee Lexicon. Translated by Samuel Prideaux Tregelles. Grand Rapids. Michigan: Wm. B. Eerdmans Publishing, Company, 1949.
HODGES, Melvin L. MSS 535: Pentecostal Movement in Missions, Springfield, Missouri, 1974 (mimeographed class notes.)
HOGAN, Philip. Response to Dr.Ralph Winter’s Paper. In Let the Earth Hear His Voice. Edited. By J.D. Douglas. Minneapolis, Minnesota: World Wide Publications, 1975.
KIVENGERE, Festo. The Cross and World Evangelism. In Let the Earth Hear His Voice. Edited by J.D. Douglas. Minneapolis, Minnesota: World Wide Publications, 1975.
LIAO, David. The Unresponsive: Resistant or Neglected? Chicago:Moody Press, 1972.
LINDSELL, Harold. An Evangelical Theology of Missions. Grand Rapids, Michigan: Zondervan Publishing House, 1970.
LUZBETAK, Louis J. Two Centuries of Cultural Adaptation in American Church Action: Praise, Censure, or Challenge? Missiology (January, 1977): 51-72.
NICOLE, Roger. Jesus Christ, The Unique Son of God, The Relationship of His Deity and Humanity With Reference to Evangelism. In Let the Earth Hear His Voice. Edited by J.D. Douglas.Minneapolis, Minnesota: World Wide Publications, 1975.
NICOLL, W. Robertson, Ed. The Expositor’s Greek Testament. Grand Rapids, Michigan: Wm. B. Eerdman’s Publishing Company, 1979.
PETERS, George W. A Biblical Theology of Missions. Chicago: Moody Press, 1972.
TAYLOR, Kenneth N. Living Letters. Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, 1962.
TIPPETT, Alan. Possessing the Philosophy of Animism for Christ. In Crucial Issues in Missions Tomorrow. Edited by Donald A. McGavran. Chicago: Moody Press, 1972.
Bibliorafia 255
WAGNER.C. Peter Frontiers in Missionary Strategy. Chicago: Moody Press, 1971.
__, The Twenty-Five Unbelievable Years: 1945 to 1969. South, Pasadena California: William Carey Library, 1970.